quarta-feira, 19 de março de 2008

Elefante

Cinco anos depois do lançamento eu finalmente parei para ver Elefante, mais uma história de um massacre numa escola americana. Quer dizer, é mais uma, mas não apenas mais uma. É uma história contada por Gus Van Sant, e isso faz toda a diferença.

Dá pra notar logo nos primeiros minutos que você não está diante de um filme americano comum, com aquela narrativa linear, muitos efeitos especiais, adolescentes maravilhosos, escola colorida a ponto de você pensar que alguém aumentou o contraste da cena usando photoshop. Na verdade, você logo nota a ausência de cor, uma certa palidez, um quê de desfocado. E, o que pode ser mais angustiante para os fãs dos blockbusters, uma cena falta de contextualização das imagens, um excesso de close que te põe tão perto dos personagens que de vez em quando é necessário olhar para a marca da tv, ou a luzinha de on, embaixo da tela. Quem gosta de videogames vai adorar. A imagem é bem parecida.

Na verdade, a angústia que isso traz é proposital. Apesar de não mostrar as angústias e as mazelas dos assassinos o filme usa a sensação de aperto no peito. Exatamente por não mostrar nada. Você não sabe o que levou aquelas duas crianças a cometerem tal brutalidade, de modo que você pode pensar que qualquer um poderia fazer aquilo. Essa é a idéia. Qualquer um com uma mente perturbada pode fazer aquilo. Qualquer um que tenha sido um pouquinho zoado no colégio pode fazer aquilo. Desde que tenha nascido psicopata, penso eu.

Segundo o diretor e roteirista, o título é uma homenagem ao filme homônimo do cineasta inglês Alan Clarke sobre a violência religiosa na Irlanda, e uma referência à expressão “um elefante na sala de estar”. Você não pode ignorar algo tão grande, tão incômodo e tão próximo de você, certo? Ainda mais quando o “troço” vem acompanhado de um silêncio ao qual não fomos acostumados. É possível saber o que se passa nas cabeças destas crianças? Quase nunca. É possível encontrar um culpado? Talvez.

No caso de Elefante, no entanto, o culpado passa longe de Marilyn Manson e afins. Até porque, quem espera uma trilha sonora regada de rock pesado vai se decepcionar. A única música do filme é Fur Elise, de Beethoven. E o assassino a toca maravilhosamente bem, com um ar blasé. Bem no tom do filme.

4 comentários:

Paulo Barbosa disse...
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Anônimo disse...

!

Paulo Barbosa disse...
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Paulo Barbosa disse...
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