sábado, 23 de agosto de 2008

Velho blog, novo blog...

Bom, como tudo acaba um dia, o mesmo acontece com esse blog...

Novas postagens em: www.likedevilindisguise.wordpress.com

Como o nome é meio comprido, difícil de lembrar, coloca logo nos favoritos pra ficar mais fácil! ;)

Obrigada a todos (raros) que comentaram, e continuem comentando no novo!!!

Beijos!!!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Da incapacidade de me despedir

Eu não sei me despedir dos outros. Acho que lido melhor com a morte do que com essas despedidas normais, corriqueiras, que acontecem pelas mudanças da vida.

Fim de ano no colégio para mim sempre foi uma tortura. Aquelas festinhas na sala, as camisas assinadas, rabiscadas e pichadas... Invariavelmente, eu saía do colégio chorando. Mesmo sabendo que voltaria no ano seguinte e não deixaria de ver minhas amigas nas férias.

No oitava série a sede do meu colégio mudou. Quase tive um filho. Depois adorei, claro... mas eu sempre fui apegada. No 3o ano eu fui capaz de esquecer a noção em casa e, no último dia de aula, entrar na sala do meu coordenador com os olhos cheios de lágrimas e dizer “ME REPETE DE ANO QUE EU NÃO QUERO ME FORMAR!!!”. Consegui no máximo uma recuperação em química. Na colação eu fui a primeira a chorar, batendo o recorde: 10 segundos desde o início da cerimônia.

Encarar com maturidade mudanças de prédios também nunca foi fácil. Aceitar a venda da casa do meu pai foi uma tarefa hercúlea. Cheguei a me despedir de um amigo 3 vezes, só para não ter que, de fato, me despedir. Minha prima, então, mal consegui olhar na cara. Impossível.

E aqui estou novamente. Uma das minhas melhores amigas está viajando hoje para Espanha. Vai ficar um ano inteiro! E eu, pateta, saí sem dizer tchau, adeus, até logo, boa viagem, ou coisa nenhuma. Ontem, faltei a última despedida. Não fui pra Lapa, não liguei, não avisei que não ia. Amarelei legal. Hoje peguei o celular, liguei e disse: “boa viagem”, “tudo de bom”, “aproveite!”, “mande e-mail”... E acrescentei o comentário “NÃO ME FAZ CHORAR QUE EU TO NO TRABALHO!”. Tudo em 45 segundos. Não dá, gente. Não sei me despedir.

Então, Liazinha, vai aqui tudo o que eu não consegui dizer.
Boa viagem! Eu sei que você vai ser muitíssimo feliz na Espanha, assim como é aqui no Rio. Estude muito, conheça muita gente, faça muitos amigos, mas volte. Aliás, volte LOGO. Vou morrer de saudades!!!! Te amooooooo!!!! =)
É, só faltou o abraço. Daqui a um ano, então...

terça-feira, 12 de agosto de 2008

O que prateleiras têm a ver com seu lado "podre"

Depois de voltar de uma aula sobre Jornalismo Cultural com o Arthur Dapieve, muita coisa se esclareceu na minha mente sobre textos, opinião, e outras coisas mais.

Mas o que me chamou atenção e o que dá pra falar aqui foi uma maravilhosa explicação sobre o que escrever em um caderno de cultura. Sendo um profissional, dificilmente um jornalista poderá (pelo menos em início de carreira)escolher sobre o que falar. Ou melhor, sobre o que não falar. Caras como o Dapieve escolhem, mas, no caso de você não ser tão bom, ou tão experiente, é importante segmentar o cérebro de modo a evitar falhas graves. Falhas que podem destruir sua credibilidade ou seu emprego.

Ele divide a mente como uma estante. Na prateleira de baixo, as coisas que ele não gosta e não são importantes. Por exmplo, Concordo. Não fez cosquinha na história da música baiana, e olha que a Bahia não é lá muito exigente com isso. Pelo menos em termos de Axé.

Um pouco mais acima, as coisas que ele gosta, mas não são importantes. Claudinho e Buchecha vai aí. Concordo também. Até porque foi por causa da dupla que eu aprendi, aos 10 anos, o que significava “lenitivo”. Ainda que até hoje não consiga entender como isso se encaixa num funk.

Na prateleira do meio vai o que ele não gosta, mas é importante. Hummmm... Minha lista aqui é quilométrica.

Na de cima, o que ele gosta e realmente é importante. Rolling Stones, The Clash, Caetano Veloso, etc.

No topo da estante, o que vai além de tudo: Bach, Cartola, e uns (poucos) gênios.

Ao ouvi-lo falar disso, fiquei com uma coisa na cabeça. O grande barato da música, como forma de arte, entretenimento, o que seja, é o fato de juntar sob um mesmo teto Claudia Leite e Bach. Você pode até achar ruim (como eu particularmente acho), mas não pode usar a frase clássica de quem critica alguma coisa: “Claudia Leite não é música!”. Não, querido??? É o que??? Artes plásticas???

Diante disso, faço eu a minha listinha (gosto pouco de lista, né?)

5- Não gosto e não é importante
É o Tchan
Babado Novo (tenho vontade de morrer quando ouço Bolha de Sabão)
Pagode do tipo Travessos, Sorriso Maroto, Revelação
4- Gosto, mas não é importante
Britney Spears
Kelly Key
Boy bands, em geral

3- Não gosto, mas é importante
Paulinho da Viola
Música Clássica
2- Gosto e é importante
Tropicalismo
Bossa Nova
Madonna
Michael Jackson
Rolling Stones

1 – Tipo Deus
Chico Buarque

CAMPANHA REVELE SEU LADO PODRE!
Confesse aqui que você também gosta de Tati Quebra Barraco!

domingo, 10 de agosto de 2008

Dogville.


Dogville seria apenas mais um filme de crítica a sociedade norte-americana não fosse a competência de Lars von Trier. Seria apenas mais um longa protagonizado por Nicole Kidman não fosse a genialidade do diretor que optou pela falta de cenários e grandes efeitos para tratar de temas espinhosos como a arrogância, generosidade e a alma humana.
Mas, Lars Von Trier não é um diretor comum. E suas escolhas fizeram de Dogville um retrato contundente do EUA durante a Grande Depressão, e até hoje.

A ausência de cenários concentra a atenção do espectador no que realmente importa: a ação dos personagens. Sem paredes, portas, janelas, ou qualquer recurso cênico, podemos assistir de camarote o que se passa em toda a cidade de Dogville, uma pequena comunidade perto das Montanhas Rochosas, onde chega Grace (Nicole Kidman) fugindo de gangstêrs.

Grace logo encontra Tom, um escritor que nunca escreveu mais de duas palavras e passa o tempo às voltas com discursos morais. Em busca de um exemplo para sua comunidade, Tom vê em Grace exatamente o que precisava: a prova de que os cidadãos de sua cidade têm dificuldade de aceitar novas situações.

Mais do que um exemplo, ao ser aceita pela comunidade, Grace passa a ser uma parte importante na vida dos habitantes de lá. Ela tem duas semanas para provar que é digna de confiança e passa a realizar pequenos serviços que os moradores não precisam, mas “generosamente” a permitem fazer em troca de hospitalidade.

A paz em que a cidade mergulha com a chegada da moça, é perturbada com outra chegada: a da polícia, que afirma que Grace é procurada por assaltos a banco. Mesmo sabendo que não é verdade, os habitantes de Dogville passam a cobrar um preço mais alto pela sua generosidade. Grace logo se torna escrava daqueles que, há pouco tempo, eram seus amigos. É estuprada, humilhada e mal-tratada por quase todos no lugar.

Clichê? Não, longe disso. O filme é todo feito de sutilezas. A maldade presente em Jason, ainda menino. A passividade de Grace que, só ao final, entendemos como arrogância. A suposta generosidade dos habitantes ao deixar que Grace os ajude. A paixão de Tom, traduzida em omissão, já que, mesmo apaixonado, não faz nada quando sua amada em estuprada por todos os homens do lugar. A vaidade disfarçada de Liz. Está tudo ali. Exposto em uma cidade sem paredes que deixa transparecer a rotina e a indiferença de uma pequena cidade. Norte-americana, sim, mas que poderia estar em qualquer lugar do mundo.
A discussão destes valores tão presentes na vida cotidiana se resume a uma frase: afinal, até onde iríamos se não tivéssemos ninguém olhando?

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A maldição do Batman


Assim que li que Heath Ledger seria indicado ao Oscar mesmo depois de sua morte, estranhei. Estranhei é um eufemismo para "achei ridículo". Afinal, mesmo o cara sendo muuuuito bom, outros atores (vivos) mereciam ter sua performance avaliada sem o peso que uma morte trágica traz. Além disso, a Academia só deu 2 prêmios póstumos até hoje. Mas antes de reclamar, achei melhor assistir ao filme.

A verdade é que antes da minha curiosidade sobre a performance de Ledger, veio minha paixão antiga pelo Christian Bale. Fã número 1 do cara desde que ele foi o par romântico de Winona Ryder em "Adoráveis Mulheres" eu não perco um filme com ele. Entrei no cinema pensando "mesmo se for muito chato, pelo menos tem o Christian Bale". Me desculpem os fãs de filmes de herói, mas para uma pessoa que entende histórias em quadrinhos como sendo a Mafalda e Mulheres Alteradas, vamos combinar que três horas de filme pode ser um tanto quanto... chato!

Em minha defesa, a verdade é que pouco reparei no Batman. Reparei nos raros momentos em que consegui desviar os olhos do Coringa e não estava me perguntando "que raio de voz é essa que o Batman faz?". Mas, Heath Ledger É o Coringa. Ou melhor, era. Isso é inegável. Aliás, ele também era um cowboy gay, também era um cara que conquistou todas as adolescentes da minha época cantando "Can't take my eyes off of you" para a Julia Stiles no campo do colégio, também era um cavaleiro medieval. Heath Ledger era tudo que ele se propunha a fazer. E se o Coringa era uma mente perturbada, o Heath Ledger também.

As investigações foram encerradas hoje. A overdose foi acidental. Ok, eu jamais tomaria uma overdose "acidental", mas ok. Mas os mistérios continuam... Primeiro, o que o Jack Nickolson quis dizer com a frase "eu bem que avisei..." sobre seu personagem em Batman? Segundo, porque diabos o Heath 'tudo de bom' Ledger, com um celular abarrotado de telefones de mulheres maravilhosas ligaria logo para a picolé de chuchu Mary-Kate Olsen poucos momentos antes de morrer? E porque ela preferiu ligar para seguranças particulares ao invés de 911?
Mistério...

O mistério aliás continua no filme como um todo. "Batman - O cavaleiro das Trevas" espalhou uma maldição por aí. Concordo plenamente com o Xexéo. Heath morreu vítima de uma overdose, Christian Bale foi preso por bater na mãe e na irmã, e até o Morgan Freeman sofreu um acidente greve de carro. E olha que ele tinha sobrevivido a maldição de fazer um filme com o Jack Nicholson, que por si só, já é mais assustador que o Coringa.

Quem será a próxima vítima de acontecimentos estranhos? Maggie Gyllenhaal, Aaron Eckhart, Gary Oldman, Michael Caine? Façam suas apostas.

Ah, sim! Estou torcendo para que o Ledger ganhe o Oscar de Melhor Ator.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

22

Junho foi embora e, com ele, o meu inferno astral.

Não deveria se chamar inferno, afinal, já esse período torto, confuso, tosco e dolorido já me acompanha há 22 anos. E eu só aprendi a chamar de “inferno astral” há uns 7. Sim, porque minha mãe conta que desde que eu nasci, todas minhas “evoluções” aconteceram um mês antes do meu aniversário. Portanto, em maio. Em junho, eu tentava me adaptar as mudanças.

Quando você está aprendendo a andar, é lindo. Você tenta se adaptar à sua casa, às quinas dos móveis, enfim, tenta evitar as coisas que podem, fisicamente, te machucar. E antes dos 15 a adaptação nunca leva o nome de crise. Aos 22, no entanto, você já sabe que essa sensação de se adequar a algo que está radicalmente diferente do que era há 1 mês atrás, chama-se crise.

Quando é você que está radicalmente diferente do que era, a crise tem sobrenome: de IDENTIDADE.

Já deu uma olhada no espelho e não se reconheceu no reflexo? Já olhou para seu quarto e não viu sua maneira de ser refletida nos objetos que, até pouco tempo atrás, você venerava? Já abriu seu guarda-roupa e teve vontade de doá-lo todo para uma instituição de caridade? Já sentiu que seus desejos e obrigações não mais coincidiam? Já sentiu cansaço físico por ter que trabalhar, estudar, prestar atenção às pessoas amadas e ainda se manter acordada no meio disso tudo? Parabéns, você também já passou por uma crise como a minha!

Dizem que 22 anos é a idade da loucura. Se isso for verdade, meu aniversário não poderia ter sido um marco melhor. Mas é virando o mundo de cabeça para baixo que se descobre como ele deveria ser de cabeça para cima.

Melodramático? Talvez. Aliás, muito provavelmente. Mas uma coisa eu garanto: não há nada melhor nesse mundo do que passar por uma fase assim, de auto-descoberta e de auto-afirmação. A sensação de acordar um dia e ser capaz de falar “eu sou assim, desse jeito. Gosto disso, não gosto daquilo e hoje eu quero agir assim” é indescritível. Mesmo sendo dramática. Mesmo sabendo que ano que vem, e até mesmo antes disso, tudo vai mudar pelo menos umas 90 vezes.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Pausa para salvar a Amazônia

Pausa no trabalho, nos estudos, na tv, e nos livros.
Mesmo com milhões de provas, trabalhos e zilhões de ligações a serem feitas, vale a pena dar uma parada em tudo e entrar nesse site: www.meiaamazonianao.org.br/
Nada do que eu disser aqui vai ser novidade. Todos nós já estamos cansados de conhecer a situação caótica da Amazônia (juro que escrevo um texto depois mais detalhado e menos apressado do que esse). Por isso mesmo, não perca mais tempo lendo isso, entre lá, se cadastre (é muuuuuuuito rápido) e, se possível, chame os amigos.
É mais fácil que fechar o chuveiro durante o banho ou separar o lixo! ;)

domingo, 8 de junho de 2008

Como você ouve música?

Como você ouve música?

Não, não responda o óbvio. Eu sei que você ouve com os ouvidos, através de um aparelho de som qualquer – a caixa de som do computador, o mp3, ou qualquer outra coisa.

A pergunta é um pouquinho mais profunda, mais só um pouquinho: qual é seu ritual na hora de ouvir música?

Eu costumo dividir o mundo em duas metades: de um lado as pessoas que entendem de música e de outro as pessoas que tem outro tipo de relação com ela, mais emocional, eu diria. Estas podem até conhecer o assunto, mas são incapazes de pensar nisto de uma forma racional. É o meu caso.

Não que eu entenda algo. Meu conhecimento musical se limita ao “isso eu gosto”, “isso eu não gosto”, “isso é muito ruim”. E para totalmente por aí. Minha relação é totalmente irracional. Talvez daí venha o meu ecletismo. As coisas que tocam meu coração (breguérrimo, mas verdadeiro), me emocionam e me fazem chorar, são as coisas mais diversas possíveis. Acredite se quiser. Houve um tempo em que eu me emocionava ouvindo Lua de Cristal da Xuxa. Hoje não posso ouvir Hide and Seek, da Imogen Heap sem derramar duas ou três lágrimas.

O que toca meus pés e me faz dançar consegue ser ainda mais diferente. Danço funk, adoro forró, me acabo no hip-hop e sinto vontade de dançar com as coisas menos dançantes que existem. Já experimentou dançar Sun’s gonna rise, do Citizen Cope, sem parecer dançarina do Faustão? Impossível.

Minha paixão por estrada vem daí. A bem da verdade eu ODEIO estrada sem música. Acho terrivelmente monótono, sinto sono nos primeiros 20 minutos, logo depois que passa o mau-humor. Mas a combinação mp3 e estrada é algo que me encanta. Assim como a combinação esteira + hip-hop.

Sou incapaz de pegar um cd e ouvi-lo do início ao fim, só para analisar as músicas. Lá pelo meio, ou já estou viajando no que estou ouvindo, ou já larguei a tarefa super-analítica. Música para mim tem que me seduzir. Eu tenho que viajar no que estou ouvindo. Invento histórias e situações diferentes para cada canção. E é raríssimo ouvir uma música até o final. Suspicious mind, do Elvis é um bom exemplo. Eu mudo de música no primeiro refrão.

Acho lindo quem ouve o nome cd da Madonna e diz que o que ela faz é totalmente inovador. Eu repito porque concordo. Uma mulher que faz sucesso há 25 anos se reinventa claramente. Mas quem diz isso com propriedade, porque sabe do que está falando, é realmente um prodígio. Eu sei que 4 minutes é diferente de tudo que já ouvi, mas por que???

É por ignorância que gosto de coisas que as pessoas detestam e detesto coisas que as pessoas amam. Porque eu simplesmente não entendo a qualidade musical de letras e músicas. Amo Stairway to Heaven, mas pra mim aquilo é só uma viagem de ácido dos caras do Led Zeppelin. Detesto Cocaine do Eric Clapton e mais ainda The Strokes. Mesmo sabendo que não dá nem pra comparar, prefiro Please don’t stop the music, da Rihanna. Vai entender. Aliás, vai não entender nada assim lá na...!

Como você ouve música?

Como você ouve música?

Não, não responda o óbvio. Eu sei que você ouve com os ouvidos, através de um aparelho de som qualquer – a caixa de som do computador, o mp3, ou qualquer outra coisa.

A pergunta é um pouquinho mais profunda, mais só um pouquinho: qual é seu ritual na hora de ouvir música?

Eu costumo dividir o mundo em duas metades: de um lado as pessoas que entendem de música e de outro as pessoas que tem outro tipo de relação com ela, mais emocional, eu diria. Estas podem até conhecer o assunto, mas são incapazes de pensar nisto de uma forma racional. É o meu caso.

Não que eu entenda algo. Meu conhecimento musical se limita ao “isso eu gosto”, “isso eu não gosto”, “isso é muito ruim”. E para totalmente por aí. Minha relação é totalmente irracional. Talvez daí venha o meu ecletismo. As coisas que tocam meu coração (breguérrimo, mas verdadeiro), me emocionam e me fazem chorar, são as coisas mais diversas possíveis. Acredite se quiser. Houve um tempo em que eu me emocionava ouvindo Lua de Cristal da Xuxa. Hoje não posso ouvir Hide and Seek, da Imogen Heap sem derramar duas ou três lágrimas.

O que toca meus pés e me faz dançar consegue ser ainda mais diferente. Danço funk, adoro forró, me acabo no hip-hop e sinto vontade de dançar com as coisas menos dançantes que existem. Já experimentou dançar Sun’s gonna rise, do Citizen Cope, sem parecer dançarina do Faustão? Impossível.

Minha paixão por estrada vem daí. A bem da verdade eu ODEIO estrada sem música. Acho terrivelmente monótono, sinto sono nos primeiros 20 minutos, logo depois que passa o mau-humor. Mas a combinação mp3 e estrada é algo que me encanta. Assim como a combinação esteira + hip-hop.

Sou incapaz de pegar um cd e ouvi-lo do início ao fim, só para analisar as músicas. Lá pelo meio, ou já estou viajando no que estou ouvindo, ou já larguei a tarefa super-analítica. Música para mim tem que me seduzir. Eu tenho que viajar no que estou ouvindo. Invento histórias e situações diferentes para cada canção. E é raríssimo ouvir uma música até o final. Suspicious mind, do Elvis é um bom exemplo. Eu mudo de música no primeiro refrão.

Acho lindo quem ouve o nome cd da Madonna e diz que o que ela faz é totalmente inovador. Eu repito porque concordo. Uma mulher que faz sucesso há 25 anos se reinventa claramente. Mas quem diz isso com propriedade, porque sabe do que está falando, é realmente um prodígio. Eu sei que 4 minutes é diferente de tudo que já ouvi, mas por que???

É por ignorância que gosto de coisas que as pessoas detestam e detesto coisas que as pessoas amam. Porque eu simplesmente não entendo a qualidade musical de letras e músicas. Amo Stairway to Heaven, mas pra mim aquilo é só uma viagem de ácido dos caras do Led Zeppelin. Detesto Cocaine do Eric Clapton e mais ainda The Strokes. Mesmo sabendo que não dá nem pra comparar, prefiro Please don’t stop the music, da Rihanna. Vai entender. Aliás, vai não entender nada assim lá na...!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

A falta que o cigarro faz para quem não fuma


Eu não fumo. Meu pai enfartou por causa de cigarro, minha mãe parece uma chaminé, e consequentemente minha casa cheira a cinzeiro. Não tenho nenhum motivo para gostar de cigarro. Mas, por outro lado, não tenho nenhum motivo para banir os fumantes do meu convívio. É por isso que não consigo compreender toda esta cruzada contra o cigarro.

Sim, faz mal. Sim, causa câncer. Sim, causa impotência sexual, sinusite e alergia. E vicia. Faz as pessoas gastarem rios de dinheiro para, literalmente, sujar o pulmão. Ok. Eu entendo tudo isso. Entendo que o cigarro vicia, dá a falsa sensação de companhia, que fede. Mas a verdade é minha mãe fumou enquanto estava grávida – menos, mas fumou - e eu não tenho nada além de uma sinusite que ás vezes, muito raramente, me incomoda. Não tenho câncer (graças a Deus!), obviamente não sou impotente e (graças a Deus mais uma vez!) não sofri com a impotência de ninguém. Talvez porque meu namorado não fume, é verdade. Ultimamente, só o que anda me incomodando mesmo é essa história de tratar fumante – enquanto está no pleno ato de fumar – como leproso.

Uma coisa temos que admitir como verdade. É muito mais fácil para os jovens conviverem com a proibição de fumar em lugares com teto, como diz a nova lei. No nosso tempo (cara, eu já tenho o meu tempo!) fumar já não era coisa bonita. Tudo bem, na adolescência ainda éramos idiotas e alguns de nós achavam o máximo da transgressão acender um cigarro no recreio do colégio. De nada adiantava. Os pais e professores, vindos de uma geração em que fumar era super cool, simplesmente olhavam os pretensos fumantes com aquele olhar condescendente de “meu filho, larga isso, você só está se enchendo de fumaça. Na minha época rebeldia era usar ácido, ouvir punk ou ser contra a ditadura militar”.

Tirando a parte do ácido, acho que a rebeldia de nossos pais era muito mais válida do que a nossa. E dá para entender que numa época cheia de mudanças, fumar era legal. Realmente o cara do Malboro tinha lá seu charme. Por isso, para essa geração, deixar de fumar em lugares fechados é tão difícil. Quem fuma há 40 anos já vê o cigarro quase como amigo. Concordo que quem não fuma não tem nada a ver com isso. Mas... e as pessoas que simplesmente não se incomodam??? Deixei de sair diversas vezes com a minha mãe por gostar de lugares que não tem área de fumantes. E sei que não sou só eu que tenho uma mãe, um parente ou um amigo superhiperultramega viciado em nicotina e que vai deixar de sair por isso.

Não estaria esta lei violando o princípio básico da liberdade de cada um? Eu sei e entendo perfeitamente que seu direito termina onde começa o do outro. Ok. Mas em um restaurante de 80m², alguém fumando a 40m de você faz realmente alguma diferença??? O ônibus que joga a fumaça preta na sua cara enquanto você come cachorro quente na pracinha é tão menos prejudicial assim do que o cigarro? Sei não, gente.

A poluição se encarrega de nos dar o que a proibição do cigarro nos tira. Em compensação, restaurantes perdem clientes, famílias perdem almoços de domingo, e até a piadinha do “foi bom pra você?” está perdida para sempre. Afinal, ainda é possível fumar em motel?

terça-feira, 20 de maio de 2008

50

50 é um número bonito. Redondo. Tenho fascinação por números redondos. Todo número redondo merece uma comemoração. Toda lista é composta por números redondos. Este blog chegou ao seu 50º post, logo merece uma lista:

CINQUENTA COISAS PARA FAZER ANTES DE MORRER

1) Escrever um livro

2) Ser uma profissional de muito sucesso

3) Conhecer as capitais européias

4) Casar

5) Ter um casal de filhos

6) Morar no Leblon (sim, eu vejo muita novela do Manoel Carlos)

7) Tirar a carteira de motorista

8) Ler todos os livros na lista da Bravo!

9) Ver todos os filmes na lista da Bravo!

10) Ter um cinema em casa

11) Ter uma biblioteca em casa

12) Aprender a tocar um instrumento

13) Aprender a cantar (pelo menos uma música sem ofender a audição alheia)

14) Malabarismo e acrobacia

15) Yoga

16) Patinar no gelo no Maracanãzinho ao som de Everybody wants to rule the world (vai entender...)

17) Aprender a comer queijo sem enjoar e querer vomitar

18) Ser a Rumpleteazer em Cats!

19) Encontrar um jeito de ser boazinha sem ser picolé de chuchu

20) Ser organizada ou instalar um google no meu quarto

21) Tomar coragem quando encontrar um ídolo e dizer que sou fã dele

22) Sentar pra conversar com alguém ídolo

23) Ter barriga sarada e bunda dura

24) Ter barriga sarada, bunda dura e sentar pra discutir filosofia com alguém que me ache burra só por ter a barriga sarada e bunda dura

25) Beijar na chuva

26) Ver o pôr-do-sol no Arpoardor again, again, and again

27) Morar sozinha

28) Fazer uma grande homenagem a todos os meus amigos

29) Comprar o apartamento em que eu morei na Paissandu

30) Comprar a minha casa de Paulo de Frontin novamente

31) Passar uma noite no Copacabana Palace

32) Passar um fim de semana romântico em um lugar frio

33) Voar de asa delta

34) Aprender a fotografar

35) Tomar água de coco no mirante do Leblon

36) Sair de casa só pra ver o mar de ressaca

37) Correr uma maratona (não precisa ganhar, não. Só chegar ao final)

38) Mergulhar na praia de Ipanema com graça e leveza e não como uma pessoa que nunca viu o mar na vida.

39) Controlar o meu gênio

40) Andar pelo Rio de Janeiro sem medo de assalto, seqüestro e bala perdida

41) Distinguir Mozart de Bethoven (sem contar com as sinfonias mais famosas, óbvio)

42) Fazer um trabalho voluntário (na África de preferência)

43) Fazer uma pós, mestrado, doutorado, pós doutorado (preferencialmente antes dos quarenta)

44) Ter muitas histórias, muita sabedoria e uma quantidade de rugas adequadas a tudo isso.

45) Jogar bola de uma forma que me permite jogar na frente dos outros sem querer morrer de vergonha

46) Ver um show do U2 ao vivo, da primeira fila e ainda ser escolhida pelo Bono para subir ao palco.

47) Dançar hula-hula no Hawaii

48) Jantar à luz de velas em um restaurante com vista para a Torre Eiffel

49) Viajar sozinha para um lugar que eu não conheço

50) Fazer tudo isso com perfeição.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Agora não tem jeito.

A prova cabal de que os homens realmente descendem dos macacos.

Um casal de chimpanzés que vivem no zoológico do Rio reata essa semana, depois de uma briga de um ano por um iogurte (já vi casais brigando pelo último pedaço de uma pizza de filé com fritas, pelo jeito com que o outro apertava o tubo de pastas de dente, mas por um iogurte, nunca!).

Parece que os dois já vinham brigando por um motivo bastante comum nas relações entre machos e fêmeas Homo Sapiens: a falta de habilidade sexual do macho.

O macaquinho chamado Paulinho não agradou a macaquinha chamada Rina. Aparentemente, Paulinho nunca viu um casal acasalando e, por isso, não assumiu a postura de macho dominante.

Recado para as mulheres: agradeçam todos os dias a existência dos filmes pornôs.

Recado para os homens: considerando a semelhança dos Homens com os primatas, consideramos extrema falta de sensibilidade, vocês nos chamarem de chatas. Afinal, uma fêmea é capaz de ficar 1 ano sem falar com o namorado por causa de um iogurte. Nós, com certeza, aturamos coisa pior por muito menos.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Memória fonográfica

Ontem, voltando da casa da minha avó, tive um daqueles momentos dignos de cena de road movies. Eu e minha mãe cantando no carro, passando pela praia da Barra. Desde pequena sempre fui apaixonada pela combinação estrada + música, mesmo nunca tendo passado por isso na direção. E como eu tendo a viajar no som, acho que não teria um resultado muito bom. Mas sempre que viaja com meus pais a música tinha que estar presente. Desde Sandy & Junior e Spice Girls nos idos de 1997 até Phil Collins em 2008 nas menores idas ao shopping. A regra é clara: saiu de carro, o som deve estar ligado. A regra também se extende aos churrascos na casa de praia, ao sábado de manhã, ao banho e a todos os momentos onde uma música vai bem. Leia-se: TODOS os momentos.

Seguindo esta regra eu passei por inúmeras fases.

A primeira que eu me lembro é de ouvir Logical Song, do Supertramp, indo para Grumari com a minha mãe. Isso na época em que ainda existia fita cassete.

Depois, teve uma fita (na época em que ainda existia vídeo cassete), onde ela gravava (da TV ou de um vídeo pro outro) só as cenas musicais de vários filmes.

Foi assim que eu aprendi a gostar de tango, vendo Al Pacino dançar Por una cabeza com Gabrielle Anwar naquela cena antológica de Perfume de Mulher (http://www.youtube.com/watch?v=XSIvWzhLrT8). Foi assim também que eu descobri as coisas boas dos anos 80: Flashdance e Perfect, com Jamie Lee Curtis e John Travolta dançando numa academia de ginástica (http://www.youtube.com/watch?v=SEcCM7UOLvY). A cena foi parodiada por Eric Prydz no clipe de Call on me. Terrível, por sinal. Mas tudo bem, a original também era um tanto quanto ridícula. Tinha também uma cena de Sete Noivas para Sete Irmãos, alguma coreografia engraçada onde 14 pessoas dançavam sobre troncos. O mais engraçado é que, com a exceção de Flashdance, eu nunca vi nenhum destes filmes por inteiro.

Ainda da seção “Deus abençoe o videocassete”, minha mãe tinha uma fita com os melhores clipes do Queen. No início eu sentia um pouco medo de Bohemian Rapsody, mas achava que Killer Queen tinha sido composta para mim. Ou melhor, para a mulher que eu gostaria de ser. Não sei porque, mas gelatina de pólvora e dinamite com raio laser pareciam combinar perfeitamente na mesma música. “Garantia de te surpreender”. Genial. Até porque eu cismava que o Freddie Mercury lembrava meu padrinho. Não, meu padrinho não é gay, não teve AIDS, não tocou na maior banda de rock do mundo e não apertou as bochechas de Glória Maria, mas o bigode era idêntico. Até hoje sou fã do Queen. E já perdi o medo de Bohemian Rapsody.

Depois, fui apresentada ao Michael Jackson. Passei dias dando rewind no clipe de Black or White (http://www.youtube.com/watch?v=SEcCM7UOLvY). Achava o máximo aquelas caras que iam se transformando no final do clipe e ainda tinha a melhor frase que eu já ouvi quando se trata de racismo “I’m not gonna spend my life being a color”. Fora que, na época de Esqueceram de Mim, eu podia jurar que me casaria com Macaulay Caulkin. Meu vício por Michael Jackson só aumentou quando eu descobri que a música tema do Vídeo Show é Don’t stop ‘till you get enough e quando eu me deparei com Smooth Criminal e Wanna be starting something. Aliás, o Akon fez uma versão ótima dessa música.

Pink Floyd também fez parte da minha infância/ adolescência. Ainda mais quando eu descobri que você pode cantar Atirei o Pau no Gato no ritmo de Another Brick in the wall. G-E-N-I-A-L!

Um tempo depois surgiu aqui em casa um cd do Paul Simon. Aquele do Simon & Garfunkel. Acho que o nome do cd é Graceland. Simon gravou na África, com cantores locais se não me engano. O resultado é maravilhoso, e me acordou váááááárias vezes nas manhãs de sábado. Mas não tinha problema porque a faixa número 6, You can Call me Al, é PERFEITA (apesar de não fazer o menor sentido pra mim)! Vale dar uma olhada no clipe: http://www.youtube.com/watch?v=HOiVaE-pKqM.

Acho que eu já era um pouquinho maior quando meu pai me apresentou as músicas dos festivais. Eram horas cantando no videokê ou sem acompanhamento mesmo na casa dele. Ele me ensinou que Alegria, Alegria era a música dele e logo passou a ser a nossa. Não escuto essa música sem me lembrar dele.

Aliás, minha madrasta é campeã de jam sessions no carro. Os 100 km que separam Paulo de Frontin do Rio de Janeiro pareciam 5 quando a gente começava a cantar. O repertório geralmente tinha algo de Jovem Guarda (“no sapatinho eu vou, com um laço cor de rosa a enfeitar...”), mas também tinha uma que até hoje nunca ouvi ninguém cantando: “peguei, olhei, chacoalhei, guardei, tornei a pegar, chacoalhar, guardar, tornei a botar no mesmo lugar...”. Essa sempre terminava com uma gritaria infernal, que quase fez meu pai parar em São Paulo, ao perder a saída de Paracambi e rodar mais uns 20km até encontrar um retorno. Foi nessa época também que eu descobri Disparada, do Jair Rodrigues, e aprendi a cantar como a Tetê Espíndola em Escrito nas Estrelas (falando nisso, ela tem outra música)? Era a época em que desafinar era bonitinho e berrar no meio da noite era permitido.

Mas o CAMPEÃO, sem dúvida, é o Phil Collins. Se dvd furasse, o do seu show em Paris já estaria uma peneira. Não há uma reunião em casa em que minha mãe não mostre o dito cujo para as visitas com uma observação bastante peculiar na música Another day in paradise: “ai, eu queria um negão desse pra mim” (http://www.youtube.com/watch?v=0lTb_iz3yj8&feature=related). Mas o que me deixava extasiada mesmo era Lorenzo, que contava a história do filme O óleo de Lorenzo. Lindo, lindo, lindo!

Certas coisas ficam na memória, algumas músicas não vão sair nunca.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

That's 90 show

Depois da volta dos anos 80 à moda, agora temos mais uma (nova?) tendência: a década de 90 volta com tudo. Com TUDO MESMO.

Spice Girls. Backstreet Boys. E até New Kids on the block. Só me resta agradecer a Deus pela próspera carreira de Justin Timberlake. Muitíssimo improvável que ele aceite voltar para o N’SYNC.

Não que eu não goste dos anos 90. Minha infância, ainda que vivida também nos anos 80, foi bem legal. Minha adolescência idem. Festinhas embaladas a Hangin’ Tough (quem pensa que a melhor música de NKOTB é Step by Step, não ouviu essa), Wannabe, Mmmmbop, e Backstreet’s back. Muitas lágrimas derramadas ao som de I drive myself crazy, Viva Forever, e Quit Playing Games with my heart. Ok. A gente se divertia. Mas, certas coisas devem ficar no passado.

E eu, como fiel seguidora de Rob Fleming, enumero-as aqui:

  1. Dança da garrafa, da bundinha e afins

Ainda que agora, ouvindo o Creu, dê uma certa saudade disso...

  1. Ratinho, ET e Rodolfo e o Programa Legal, do Gugu

Precisa falar mais?

  1. Chiquititas

Melhor que Rebeldes, mas mesmo assim MUITO ruim mesmo.

  1. Celine Dion cantando “My heart will go on”...

Cantando? O verbo mais adequado seria gemendo.

  1. Power Rangers e Cavaleiros do Zodíaco.

Como assim dinossauros se transformam em robôs depois de “morfar”?

Cavaleiros do Zodíaco eu nem comento, né? Pára TUDO!

  1. Xuxa, Angélica, Eliana, Mara Maravilha, e todas as outras.

A bota branca, o microfone peludo, as paquitas, as angeliquetes, o Melocoton também entram na lista.

Sobrava pano em cima e faltava muito embaixo

  1. Tiazinha e Feiticeira

Uma depilava os homens, a outra dançava ao som da versão techno de “The Godfather”. Sim, a música-tema de O Poderoso Chefão. Precisa falar mais?

  1. Lambada

Seria a lambada mãe do Calyspo?

  1. All Saints, Backstreet Boys, N*SYNC, Five, New Kids On The Block, Westlife, Take That, Britney Spears, Christina Aguillera, Mandy Moore, Jessica Simpson, Sandy e Junior, Hanson…

Boa a época em que a Britney era magra, Lance era hetero, Sandy era virgem e os Backstreet Boys tinham cabelo e Donnie Walhberg não teve o filho torturado por Jigsaw. Agora não tem mais graça.

  1. Final da Copa de 1998 contra a França

Uma das poucas vezes que futebol me fez chorar. De raiva.

Outras deveriam ser eternas:

  1. Friends

Fez história. E tinha que fazer mesmo. 10 anos na TV e eu ainda consigo rir de TODAS as piadas. Mesmo tendo visto todos os episódios.

  1. SOS. Malibu, Blossom, Punk, a Levada da Breca.

Pámela Anderson e David hasselhoff juntos no mesmo seriado? Sucesso na certa! Hahahaha... Blossom também era demais. Sua amiga Six e seu irmão Joey eram os protagonistas das cenas mais engraçadas do seriado (“Uouuuuu”). Punk é quase anos 80, mas vale mesmo assim. A participação da atriz em friends, como a namorada baixinha que batia no Joey, personagem de Matt Leblanc, é impagável!

  1. Vamp e Anos Rebeldes

Vampiros na fictícia Armação dos Anjos e a dura realidade da ditadura por todo o Brasil são coisas opostas, mas eram os melhores programas da Globo na época.

  1. MTV

Piores Clipes do Mundo, com Marcos Mion. Disk com Sabrina Parlatore, Central MTV com Chris Nicklas. Insuperável.

  1. Nirvana

Kurt Cobain era o cara. Smells Like Teen Spirit era o hino. Ponto final.

  1. Lady Di

Por causa dela sempre que me perguntavam o que eu queria ser eu respondia “princesa”! Ok, eu respondia jornalista também. Mas “princesa” sempre vinha antes.

  1. Spice Girls

Ok, talvez já tenha dado o que tinha que dar. Mas “Wannabe“, “Say you’ll be there”, “Stop” e “Too Much” são quase hinos do feminismo. Marcou uma geração e vários, mas vááááários recreios.

  1. Uma escola atrapalhada.

Angélica fazendo par romântico com o Supla? Maria Mariana com Rafael do Polegar? Os trapalhões, Selton Mello e Fafy Siqueira no mesmo filme? Tinha que ser bom, né? Bom, não era. Mas eu gostava.

  1. Dawson’s Creek e Popular.

A Joey era insossa, o Dawson era o protagonista hetero mais gay de todas as séries, mas o Pacey salvava o seriado. Popular era bom demais. Até hoje não sei porque sumiu.

10. Pulseira de corda de violão, colares que imitavam tatuagens tribais,

esmaltes verdes, rosas, azuis, roxos, brancos, e a volta da cintura

baixa.

Depois da breguice dos anos 80 até que isso não era ruim.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

desabafo.

Eu estou de saco cheio do mundo e, principalmente de você. Sim, eu sei que você deve estar achando que eu falo de outra pessoa, mas não. É a você mesmo que me refiro. Não adiantar culpar os outros. A culpa pela minha raiva e impaciência é exclusivamente sua.

Pode parecer que outras pessoas me controlam, mas não é verdade. Por acreditar na sua amizade eu me deixei envolver. Até que percebi que simplesmente não há amizade nenhuma. O que há? Não sei. Também gostaria de saber.

Por que você tem o poder de fazer com que eu me sinta mal? Não sei. Eu já tive provas constantes de que sou bonita, inteligente e uma pessoa maravilhosa. Por que me sinto um lixo perto de você. A amizade logo virou admiração. Ou o contrário. E eu acabei te colocando como um modelo a ser seguido. Até descobrir que isso era apenas a minha imaginação trabalhando em conjunto com a minha insegurança para me deixar maluca. Você não é modelo de nada e nem poderia ser, visto que sou tão boa ou ainda melhor que você.

Eu sei. Eu tenho ar ingênuo. Eu me deixo levar. Eu pareço insegura. Tem quem pense que eu sou frágil. Tem quem julgue minha incapacidade de ser grossa ou de falar palavrões como fraqueza. Mas não. Sou tão forte que posso sê-lo mesmo com palavras doces. Suas brincadeiras, suas caras feias não vão me abalar. De forma alguma. Incerteza é algo inerente ao ser humano. Algo inevitável. Alguns dizem que dá até uma certa graça à vida e eu costumo concordar. Hoje, não. Hoje eu tenho a certeza de que todo tempo dedicado à você foi em vão. E eu estou mais do que disposta a te riscar da minha vida.

Não serei quem você acha que eu seja. Serei eu mesma. Uma nova “eu”. Uma nova pessoa. Vou ser quem eu quero ser. Do MEU jeito, com meus gostos estranhos, com as minhas roupas, meus livros, minhas músicas, minhas fotos, minha vida. Vou ignorar seus conselhos, suas piadas. E vou me orgulhar muito de mim, pois sendo quem Eu sou, não serei quem VOCÊ é. Isso, por si só, já é motivo de alívio.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

à todos eles...

“Eu poderia suportar, embora não sem dor, perder todos meus amantes. Mas enlouqueceria se perdesse todos meus amigos”.

(Vinicius de Moraes)

“Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril”

(Oscar Wilde)

Escolhi essas citações de dois dos meus maiores ídolos, não foi à toa. Além de serem conhecidos pelas suas palavras maravilhosas, os dois são famosos também pela devoção aos seus amigos, pelo valor que davam à amizade. Principalmente Vinicius, que com um dos seus melhores amigos, Tom Jobim, formou uma dupla de grande importância para a música brasileira.

E eu, que acabo de receber um e-mail avisando que esta é a semana mundial do melhor amigo, venho buscar inspiração para falar dos meus. Eu nunca fui uma pessoa que tivesse apenas uma ou um melhor amigo. Sempre fui daquelas de andar em turma, e espalhar meu afeto, senão de forma igual, pelo menos equilibrada. Porque eu acho que vem daí toda a vantagem da amizade sobre o amor. Você só pode ter um namorado, mas pode ter uma infinidade de amigos. E eu agradeço todos os dias por não poder contá-los nos dedos das mãos.

São pessoas que me conhecem desde criança, desde adolescente, ou há apenas um ano. O tempo não importa. O que importa é que eles me conhecem como a palma da minha mão, e conseguem dizer com propriedade quando uma coisa é a minha cara e quando não é.

São as coisas que vivemos juntos. O que me traz problemas, porque basta um feriado maravilhoso pra eu achar que o tal fulano, ou fulana, é meu amigo de verdade. Não é. E nem deve ser. Porque meus amigos são diferentes. Com eles as conversas nunca acabam, os papos nunca morrem, as piadas internas são diversas. Não há decepção. Com eles eu posso rir até a barriga doer, ou chorar até ter dor de cabeça. Tanto faz.

Amigo de verdade ta ali. Do seu lado. Mesmo há quilômetros de distância. Está a distância de um abraço ou de um telefonema. E mesmo que não esteja fisicamente presente sempre dá um jeito de se fazer notar. E é isso que algumas das minhas amizades têm de mais especial.

Talvez eles não saibam a importância que tem na minha vida, mas podem crer que tem muita. O que seria de mim se não fossem as manhãs na praia, as tardes no shopping, as conversas no recreio, no café perto da faculdade? Os filmes no cinema, o brigadeiro do pé na bunda, as nights, as bebedeiras, os jantares, os almoços, as viagens, a conversa até tarde da noite? Provavelmente nada. Porque são esses momentos que fazem de mim o que eu sou hoje. Sem sentimentalismo ou demagogia. A mais pura verdade. É convivendo com os outros que você forma seu próprio caráter. E graças aos meus amigos, eu até que sou uma pessoa legal.

Com certeza uma pessoa diferente do que era ontem. Esse ontem não quer dizer passado. Quer dizer ontem mesmo. Antes de hoje. Porque cada conversa muda a gente um pouquinho. A gente aprende mais. E com meus amigos eu aprendo muita coisa. Eles mudam constantemente minha forma de pensar. Não só sobre minha pessoa como tudo. Um livro, um filme, um acontecimento, uma pessoa. Eles sempre vêem um lado que eu ainda não tinha visto. De absolutamente tudo. Por exemplo, não importa o quanto eu sofri num namoro. Eu me diverti e valeu a pena. O Diogo Mainardi não é tão ruim assim. Bob Dylan é tipo Deus. As roupas da Farm são maravilhosas, mas as da feirinha também são legais. Você pode até não concordar com as escolhas dos outros, mas não cabe a você julgar. E nunca, nunca mesmo, deixe nenhum namorado tomar conta de sua vida. Se essas visões estão todas em mim? Não sei. Mas eu considero todas elas com muito carinho.

Não importa a distância que eles estejam de mim. Pode ser nos Estados Unidos, Espanha, em Paulo de Frontin, na Barra da Tijuca, no Flamengo, na Ilha do Governador, em Ipanema ou no Céu. Não importa se a gente se veja todo dia, uma vez por semana, por mês ou por ano. Não importa se a gente se fala no telefone, por mensagem, MSN ou orkut. Não importa nada disso. O que é realmente muito importante, é o amor que a gente sente um pelo outro e o que a gente faz com ele.

Na semana internacional do melhor amigo e na semana das despedidas, aos meus amigos... MUITO OBRIGADA! Sem vocês eu não seria quem eu sou. Seja isso bom ou ruim. ;)

EU AMO VOCÊS!

domingo, 30 de março de 2008

Ao meu amigo

Queria muito que você pudesse ler isso. Ou melhor, queria muito não ter que escrever isso. Mas nem sempre as coisas acontecem do jeito que a gente quer e aqui estou eu. Escrevendo pra que todo mundo saiba o quanto você foi importante. E, por um motivo bem egoísta, desabafar e tirar de mim a dor que todo mundo que te conheceu está sentindo.

Você foi embora muito cedo. Cedo de rápido e cedo de cedo mesmo. Às 8hs da manhã de uma sexta-feira muito ensolarada, sem uma nuvenzinha no céu, eu ouvi de alguém que, até então, eu nunca tinha visto, que você não estava mais no hospital e nem tampouco ia voltar pra faculdade. Não posso dizer que eu chorei assim que eu soube. Minha ficha demorou bastante pra cair e eu sabia que o que eu tinha que fazer.

Olha que ironia... Eu que tinha posto na cabeça que não queria fazer jornalismo pra dar notícia ruim pra ninguém, teria que dar a pior de todas. Não posso dizer que não esperava, você já estava há muito tempo longe da gente. Mas nunca imaginei que seria assim. Nunca imaginei que eu saberia assim.

Doeu ver todo mundo rindo e ter que cortar o sorriso de todo mundo. Mas desde cedo me ensinaram a não chorar nessas ocasiões. Poderia fazer você sofrer. Fui egoísta e nunca soube não fazer isso. As lágrimas sempre foram mais fortes do que eu. Também não é certo pedir proteção ou pedir pra você voltar. Existem certas regras, e você poderia ficar muito triste por não poder quebrá-las. O que me ensinaram na verdade é que, quanto mais cedo se entende que a morte faz parte da vida, menor o sofrimento.

Alguns amigos nossos não foram educados dessa forma, e se sentem culpados a cada vez que sorriem. “Como eu posso sorrir, se ele não está mais aqui?”. É, eu entendo. Mas os sorrisos vão continuar a existir mesmo sem você. Seja sincero, você gostaria que fosse diferente? Duvido. Não você.

Aliás, eu sinto muita falta de não ter visto você rindo tanto quanto eu gostaria. Afinal, a gente conviveu poucos meses, né? Imagina só, o quanto a gente não teria rido junto se esses meses fossem anos. Cada piada, cada frase, cada brincadeira está guardada na memória, número 2! E de lá não vai sair nunca.

Talvez a gente se encontre um dia. Talvez não, sei lá. Mesmo assim, eu quero que você saiba que o pouco tempo de convivência não foi empecilho pra gente te adorar profundamente. As pessoas têm a tendência de esquecer os defeitos dos que já se foram. No seu caso, isso não poderia ser mais verdadeiro. Você foi embora antes que alguém pudesse te ver, sequer, de mau-humor. Mas não há de ser nada. A gente amaria até seus defeitos.

Hoje, você fica na memória, viu? E algo que foi dito na sexta-feira vai ficar pra sempre na minha lembrança: “Quem é bom não está aqui”. Quem não pensa assim pode achar ofensivo quando eu digo que você mereceu ter ido. Mas juro que não é. É porque eu acredito de coração que é a gente que ainda não é digno da sua companhia. Mas vamos ser. Aí, quem sabe a gente se encontra, né?

Saudades mais que eternas! Te adoro!


quarta-feira, 19 de março de 2008

Elefante

Cinco anos depois do lançamento eu finalmente parei para ver Elefante, mais uma história de um massacre numa escola americana. Quer dizer, é mais uma, mas não apenas mais uma. É uma história contada por Gus Van Sant, e isso faz toda a diferença.

Dá pra notar logo nos primeiros minutos que você não está diante de um filme americano comum, com aquela narrativa linear, muitos efeitos especiais, adolescentes maravilhosos, escola colorida a ponto de você pensar que alguém aumentou o contraste da cena usando photoshop. Na verdade, você logo nota a ausência de cor, uma certa palidez, um quê de desfocado. E, o que pode ser mais angustiante para os fãs dos blockbusters, uma cena falta de contextualização das imagens, um excesso de close que te põe tão perto dos personagens que de vez em quando é necessário olhar para a marca da tv, ou a luzinha de on, embaixo da tela. Quem gosta de videogames vai adorar. A imagem é bem parecida.

Na verdade, a angústia que isso traz é proposital. Apesar de não mostrar as angústias e as mazelas dos assassinos o filme usa a sensação de aperto no peito. Exatamente por não mostrar nada. Você não sabe o que levou aquelas duas crianças a cometerem tal brutalidade, de modo que você pode pensar que qualquer um poderia fazer aquilo. Essa é a idéia. Qualquer um com uma mente perturbada pode fazer aquilo. Qualquer um que tenha sido um pouquinho zoado no colégio pode fazer aquilo. Desde que tenha nascido psicopata, penso eu.

Segundo o diretor e roteirista, o título é uma homenagem ao filme homônimo do cineasta inglês Alan Clarke sobre a violência religiosa na Irlanda, e uma referência à expressão “um elefante na sala de estar”. Você não pode ignorar algo tão grande, tão incômodo e tão próximo de você, certo? Ainda mais quando o “troço” vem acompanhado de um silêncio ao qual não fomos acostumados. É possível saber o que se passa nas cabeças destas crianças? Quase nunca. É possível encontrar um culpado? Talvez.

No caso de Elefante, no entanto, o culpado passa longe de Marilyn Manson e afins. Até porque, quem espera uma trilha sonora regada de rock pesado vai se decepcionar. A única música do filme é Fur Elise, de Beethoven. E o assassino a toca maravilhosamente bem, com um ar blasé. Bem no tom do filme.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Carta ao anônimo

Anônimo,

No post passado você me perguntou o que eu ando lendo. Adorei a pergunta e lamentei muito não poder te responder de forma direta. Afinal, como toda pessoa que AMA ler, eu AMO falar sobre o que eu estou lendo. E amaria passar horas respondendo a esta pergunta, SE eu realmente estivesse lendo alguma coisa.

É, eu sou apaixonada por livros. Pelas histórias, por vê-los nas estantes ou espalhados no chão do escritório, como estão no momento. Por vê-los nas livrarias, nas casas de amigos, folheá-los, etc e tal. É de se supor que eu estivesse de fato lendo alguma coisa, mas eis que me surge um problema.

É um vazio que me dá depois que eu acabo de ler um livro muito bom. Geralmente acontece com os best-sellers. Sem preconceito nenhum, porque existe um motivo para eles venderem tanto: são bons, oras. E depois de terminar um livro que eu gosto muito é quase um fim de namoro (salvo as devidas proporções porque eu também não sou maluca). Dá um vazio existencial daqueles brabos. Quem eu sou? Pra onde eu vou? O que vou fazer da minha vida?

Uma amiga, um dia, comparou num texto o cigarro a um grande amigo. Pois é, não sei. Não fumo. Mas o livro que eu estou lendo (e gostando) se torna meu melhor amigo no mundo. Largo até namorado pra ficar um pouco mais com ele, quando acho que ele está precisando de mim. Às vezes, sou eu que preciso dele, mas nem sempre quero confessar. Às vezes, é ele que precisa de mim, porque tem livros que pedem para serem lidos.

Confesso que sou vulnerável. Troco de amigo como troco de roupa. Não consigo ser amiga por mais de uma semana. E quando consigo é porque o amigo é bem grande e eu ando bem sem tempo pra ele. Quando acaba, dificilmente volto a procurá-lo. É por isso que alguns eu não consigo compreender tão bem quanto deveria. Não dá aquela sensação de encontrar sempre uma pessoa nova naquela que você achava que conhecia tão bem. Não gosto de pessoas imprevisíveis, e talvez seja por isso que não gosto de reler o que já conheço. Um dia, talvez, quem sabe, eu volte a reencontrar a Capitu, o Bentinho, Brás Cubas, Jo March, Tom Sawyer e Dorian Gray. Por agora eu tenho que conhecer mais gente.

Agora, confesso que não ando me prendendo a ninguém. Ninguém, nenhum amigo me apresenta alguém que vale a pena conhecer. Pego, largo, pego, largo. Nada para nas minhas mãos. Coincidiu com o fato de que os outros departamentos da vida não vão tão bem. Aliás, esse pega-larga-pega-larga explica muita coisa. Quando eu estou aérea ou, pelo contrário, concentrada demais em algum problema, todo o resto fica meio nebuloso. Até os amigos. Mas to saindo da fase. Alguém aí tem algum amigo pra me apresentar?

quinta-feira, 6 de março de 2008

Precisamos falar sobre o Kevin

A primeira vez que eu ouvi falar dele foi no Saia Justa. A Márcia Tiburi comentando já não me lembro mais o que. Depois, uma amiga disse que estava lendo, mas não sabia se achava bom ou não. Depois, outra leu e achou maravilhoso. Eu li e concordei com ela.

Mas Precisamos falar sobre o Kevin não é uma leitura fácil. É gostosa, não exige concentração demais, não dá saltos narrativos que fazem o leitor ficar perdido. No entanto, é pesado. Afinal, uma história sobre um massacre (fictício, mas baseado nas histórias que estamos cansados de ler nos jornais) em uma escola americana não poderia ser muito diferente. Cartas que a mãe do assassino manda para o ex-marido também não pode ser um mar de rosas. Talvez, por isso seja tão bom. Exatamente por mostrar o lado punk da maternidade, num mundo onde ser mãe é ganhar um presente divino.

Concordo absolutamente com isso. Dar luz a um outro ser deve ser uma sensação maravilhosa. Um bebê deve ser realmente um presente dos céus, mas... E quando não é?

Leonel Shriver discute exatamente o tema que muitas pessoas evitam tocar: a maldade inerente a algumas crianças. Afinal, crianças, por mais fofas, graciosas e espertas que sejam, são humanas. E como tal estão sujeitas a serem boas ou más, como todo mundo. Por que então esse assunto é tabu?

Porque todos pensam que a maldade está relacionada com a falta de educação, falta de amor, falta de preceitos morais. Ou seja, culpa dos pais.

Eva Katchadourian, mãe de Kevin Katchadourian –ou KK, como gosta de escrever a imprensa americana- passa 461 páginas se perguntando se a culpa é realmente dela. E o leitor pensando se é realmente possível que uma pessoa seja culpada por fazer outra, no caso um jovem de 15 anos, assassinar brutalmente 11 pessoas.

No meio de toda a discussão, a personagem ainda traça um perfil bastante contundente da sociedade americana, personificada na figura de seu marido, tão patriota que chega a ser cego para alguns fatos que se apresentam diante de seu nariz.

Já Eva, apesar de ter nascido nos Estados Unidos, como uma rica editora de guias turísticos, se considera uma cidadã do mundo. A distância ideal para um questionamento: porque quando algo dá errado naquele país, a culpa tem sempre que ser de outra pessoa?

Como alta executiva, dona da A wing & a Prayer, Eva deixou a idéia de ter filhos em segundo plano. Quando reconsidera sua escolha, nasce Kevin, para colocar à prova todas as idéias pré-concebidas da maternidade. A idéia de uma família comercial de margarina logo vai abaixo. É o lado tosco, punk e até cruel da tarefa de cuidar e educar um ser que nem sempre é um anjinho.

Precisamos falar sobre Kevin é, ainda, um best-seller diferente de todos os que apareceram nos últimos anos. Questões sérias, personagens magistralmente construídos, sem deixar de ter aquela revelação bombástica no final.

Simplesmente GENIAL.