sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Da incapacidade de me despedir

Eu não sei me despedir dos outros. Acho que lido melhor com a morte do que com essas despedidas normais, corriqueiras, que acontecem pelas mudanças da vida.

Fim de ano no colégio para mim sempre foi uma tortura. Aquelas festinhas na sala, as camisas assinadas, rabiscadas e pichadas... Invariavelmente, eu saía do colégio chorando. Mesmo sabendo que voltaria no ano seguinte e não deixaria de ver minhas amigas nas férias.

No oitava série a sede do meu colégio mudou. Quase tive um filho. Depois adorei, claro... mas eu sempre fui apegada. No 3o ano eu fui capaz de esquecer a noção em casa e, no último dia de aula, entrar na sala do meu coordenador com os olhos cheios de lágrimas e dizer “ME REPETE DE ANO QUE EU NÃO QUERO ME FORMAR!!!”. Consegui no máximo uma recuperação em química. Na colação eu fui a primeira a chorar, batendo o recorde: 10 segundos desde o início da cerimônia.

Encarar com maturidade mudanças de prédios também nunca foi fácil. Aceitar a venda da casa do meu pai foi uma tarefa hercúlea. Cheguei a me despedir de um amigo 3 vezes, só para não ter que, de fato, me despedir. Minha prima, então, mal consegui olhar na cara. Impossível.

E aqui estou novamente. Uma das minhas melhores amigas está viajando hoje para Espanha. Vai ficar um ano inteiro! E eu, pateta, saí sem dizer tchau, adeus, até logo, boa viagem, ou coisa nenhuma. Ontem, faltei a última despedida. Não fui pra Lapa, não liguei, não avisei que não ia. Amarelei legal. Hoje peguei o celular, liguei e disse: “boa viagem”, “tudo de bom”, “aproveite!”, “mande e-mail”... E acrescentei o comentário “NÃO ME FAZ CHORAR QUE EU TO NO TRABALHO!”. Tudo em 45 segundos. Não dá, gente. Não sei me despedir.

Então, Liazinha, vai aqui tudo o que eu não consegui dizer.
Boa viagem! Eu sei que você vai ser muitíssimo feliz na Espanha, assim como é aqui no Rio. Estude muito, conheça muita gente, faça muitos amigos, mas volte. Aliás, volte LOGO. Vou morrer de saudades!!!! Te amooooooo!!!! =)
É, só faltou o abraço. Daqui a um ano, então...

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