segunda-feira, 2 de julho de 2007

A menina que roubava livros


“O coração humano é uma linha, ao passo que o meu é um círculo, e tenho a capacidade interminável de estar no lugar certo na hora certa. A conseqüência disso é que estou sempre achando seres humanos no que eles têm de melhor e pior. Vejo sua feiúra e sua beleza, e me pergunto como uma mesma coisa pode ser duas. Mas eles têm uma coisa que eu invejo. Que mais não seja, os humanos têm o bom senso de morrer.”


Sempre ouvi dizer que não se deve julgar um livro pela capa. Mas a única vez que eu contrariei a máxima, não me arrependi nem um pouco.

Quando entrei na livraria e escolhi “A menina que roubava livros” ainda não tinha ouvido falar uma palavra sobre ele. Acho que nem estava na lista dos mais vendidos. Mas eu me apaixonei pela capa e pelas seguintes palavras: “quando a Morte conta uma história, você deve parar para ler”. Diga-se de passagem é um slogan muito bem escolhido, mas não é capaz de traduzir a idéia do livro.

Aliás, acho que nada do que eu disser em várias palavras nesse blog será capaz da ingrata tarefa, quanto mais um slogan de onze. Afinal, é uma história narrada pela própria Morte! Nada mais original que a Morte interligando parte de sua história, sua caminhada pela Alemanha de Hitler, à história de Liesel Meminger, a menina que roubava livros.

Depois de constatar que Liesel escapara de seus braços pelo menos três vezes, a Morte resolve narrar a vida da menina de um jeito muito particular. Esqueça a imagem da caveira e da foice. A Morte de Markus Zusak é sobretudo irônica. “Os seres humanos me assombram”. De fato, sua narração é pontilhada pela surpresa que os humanos a causam. Afinal, somos capazes de feitos incríveis. As maiores bondades, personificadas pela figura de Hans Huberman, e também as maiores atrocidades, reveladas pela menção ao Führer.

Como educar uma criança na Alemanha nazista? Como ser fiel aos seus valores quando sua própria vida é colocada em risco? Como levar uma vida normal em meio a bombardeios? Como as palavras podem ter tanto efeito? Em suma, como escrever um livro sobre o nazismo sem parecer panfletário?

Parafraseando a Morte eu digo que “os seres humanos me assombram”. Principalmente pela capacidade de escrever histórias extremamente tristes que ainda assim nos arrancam sorrisos.

Ouvindo: Mr. Jones - Counting Crows



3 comentários:

lu disse...

nao vou ler o post porque ainda não li o livro.
alias, rola um empréstimo?
hehehe.
=P

Jade Fellows disse...

confesso que fiquei com vontade de ler esse livro também..
2ª da fila! hahaha.

=*

Anônimo disse...

Olha, só tenho a dizer que esse livro é genialmente brilhante. Eu também nunca tinha ouvido falar do livro, mas quando eu vi aquela capa, foi amor a primeira vista. Depois de um tempão lendo o livro eu fui descobrir que tinha sido escrito pela própria morte, achei isso incrível, super bem bolado. Nunca vi algo assim... e ai eu entendi o porque da mensagem atrás do livro " quando a morte conta uma história vc deve parar para ler ". Adoro esse livro! =) Um beijo!