terça-feira, 24 de abril de 2007

Hell



Lolita Pille... Será que o inferno é assim?

Ao contrário do efeito causado nas minhas amigas -que AMARAM o livro-, eu ainda não sei o que pensar de Hell.

Escrito por Lolita Pille, Hell alterego da autora, conta a história da juventude da classe alta de Paris. Suas Ferraris, seus Porches, suas bolsas Gucci, Prada e Dior. Como afirma a autora logo no primeiro capítulo, ela pertence a uma tribo que tem a grife como distintivo.

Se você trocar as ferraris e os porches por Audis, Citroens, Toyotas Corolas, e quem sabe, Peugeots, pode muito bem imaginar a classe média alta do Rio de Janeiro. Lógico que fumar maconha na praia de Ipanema não é a mesma coisa que cheirar cocaína em uma boate, mas...
Como afirma Pille, a narrativa não descreve o mal-estar de uma classe, e sim de toda uma geração.
Não podemos generalizar, pois no Brasil poucas pessoas se dariam ao luxo de não fazer uma faculdade (tendo condições financeiras para isso), ou gastar R$ 25 mil numa única bolsa. Até porque, por mais insensível que a pessoa seja, a culpa de passar com um item desse ao lado de um mendigo na rua ou uma criança no sinal seria de corroer o coração.

Sexo, drogas, compras. Um quê de autobiográfico. Você pode achar que estamos falando de Bruna Surfistinha, comentário que já rolou numa conversa, enquanto estávamos discutindo o livro. Discordo, Hell tem algo essencial que falta à Bruna Surfistinha. EDUCAÇÃO. Sim, ela poderia ter tudo, mas escolheu a prostituição. Hoje, acho bem difícil que ela possa ter conversas existencialistas como Lolita Pille. Mais uma diferença entre Brasil e França.

Condições financeiras diversas. O tédio de sempre. A mesma falta de coragem de encarar o mundo de frente, que leva alguns jovens a detonarem seus narizes e conseqüentemente, seus cérebros. A mesma falta de perspectiva. E porque não? de vontade de viver.

Nesse ponto eu concordo com Pille. É um problema de toda uma geração. As causas disso não compete a mim discutir, mas agradeço por ter nascido em uma família de classe média, onde nunca faltou nada, mas também nunca sobrou.

O que seria de mim se tivesse nascido rica, sem necessidade de trabalhar ou estudar para sustentar meus pequenos luxos? Onde eu estaria agora? Quais seriam meus objetivos? Casar, comprar o carro do ano, o último modelo de uma bolsa Dior, ou passar as férias em Ibiza? Vamos combinar que seria uma vida no mínimo chata, para não dizer vazia. Não é à toa que Paris Hilton, Nicole Richie entre outras, são como são.

Mas eu admiro Lolita Pille. Pela coragem de ter escrito um livro como esse, mesmo pagando o preço de perder várias de suas amizades (???) e também pela qualidade da escrita. Poucos jovens escreveram sobre o tédio de maneira tão sutil e ao mesmo tempo agressiva. Ao contrário de Bruna Surfistinha, esse eu não li pelo simples prazer de falar mal depois.

Ouvindo: Take you mama out, Scissors Sisters.

5 comentários:

Giz Cupolillo disse...

Eu amei HELL.
Não consigo comparar ela a Bruna Surfistinha, não li a segunda, mas ao que me dizem o livro não parece nem ao menos ter sido escrito por ela. Lolita Pille critica o seu antigo estilo de vida, critica os jovens que não tem caminho nenhum a seguir a não ser o da night.
Muita gente leu o livro e achou que era um Ode a esse tipo de comportamento, mas concordo com você, é um tapa na cara, de mão aberta e muito do bem dado. Tapa na cara da geração da classe alta que perdeu seus valores, que não sabe para onde ir porque não tem nada a conquistar e mesmo que gaste desesperadamente não vai conseguir acabar com a fortuna de seus pais.
Além disso o livro é muito bem escrito. Alguns trechos onde descreve Paris são simplesmente perfeitos, sinto até o cheio da cidade.

=)
Pelo menos com o garcia marquez a gente concorda!

lu disse...

ela é muito musa.
tudo de errado em seu comportamento esconde-se por trás de sua exímia educação.
amo esse livro. amo mesmo. sempre que me dá na telha releio. e amo mais ainda.

como você mesmo diz: do it, but do it with class.

Anônimo disse...

Eu não li o livro, mas agora estou com vontade. O da Bruna Surfistinha achei patético...bom mas vou ler e depois digo o que achei, mas concordo com vc qdo fala q agradece ter nascido numa familia classe media onde nada faltou nem sobrou...eu tbém vivi isso e agradeço, acho que as pessoas que tem demais desenvolvem uma maior propensão a ter valores deturpados.
Bjão!!!

Jade Fellows disse...

primeiro foi a lu, depois a gi e agora você. vou teeeer que ler esse livro! hahaha. =)
fiquei curiosa demaaais!

Carol Guido disse...

Li por recomendacao da Lu e gostei (muito). Nao sei se eh um tipo de leitura que soh agrada as mulheres, as vezes acho que soh nos conseguimos entender o que se passa na cabeca de uma outra mulher quando o assunto eh namorado e futilidades em geral, mas de qualquer forma eh interessante saber como funciona a new generation of the high society parisiense.
Lendo esse livro, a gente capta um pouco melhor sobre o que se passa na cabeca das pessoas que vivem uma realidade mto distante da nossa classe media brasileira.
Mas confesso que jah gostei mais de Hell. Quanto mais viajo e conheco o mundo como um todo, mais me dah agonia saber que existem pessoas assim, como ela.
Admiro a educacao da moca, mas me revolto com os disturbios emocionais. Meninas ricas poderiam e deveriam usar seu tempo livre pra fzr coisas uteis, e nao se degradar aos poucos.
Emfim!
E ah.. fumar um na praia de ipanema eh maior bom po!
hehehehe
bjs tati!!