domingo, 1 de abril de 2007

Maria Antonieta


Apesar de ser apaixonada pela sétima arte, entendo muito pouco de cinema, tecnicamente falando. Por isso, me surpreendi comigo mesma ontem à noite, ao sair de um filme tendo plena consciência – pela primeira vez- de que ele tinha sido mal dirigido.

Depois de hooooooras convencendo os amigos de que enfrentar meia hora de fila na bilheteria do UCI em um sábado a noite pra ver Maria Antonieta seria um programão, eu saí da sala de exibição com vergonha, jurando a mim mesma que jamais escolheria um filme pra todo mundo ver.

Já vi filmes piores, acho. Mas vi sabendo que seriam ruins e que não valiam o preço do ingresso. Esse, no entanto, foi uma surpresa. Afinal, é dirigido por Sofia Copolla – diretora de As Virgens Suicidas, que eu ADOREI-, tem Kirsten Dunst no elenco –minha atriz preferida desde Adoráveis Mulheres-, e a ousadia de colocar rock como trilha sonora parecia um atrativo a mais pro filme. Ainda mais depois de a equipe ter conseguido autorização especial para gravar em Versalhes.

Bom, pra falar a verdade, só o que decepcionou foi a direção da Sofia Copolla. Essencial, é verdade. Mas não que conseguisse tirar o brilho da atriz.

Já me disseram que para entender o trabalho da cineasta devemos ter em mente que o filme não é uma cinebiografia, mas a vida da Delfina da França visto pelo prisma de Copolla. E que ela deu um passo grande ao não basear seu filme em uma visão já conhecida de Maria Antonieta.

Ok, pelo esforço eu bato palmas para ela. Mas filme, como texto, música e qualquer coisa do gênero, deve ser capaz de falar por si só. Daqui a 20 anos ninguém vai lembrar da explicação da diretora sobre seu longa e ele vai ficar totalmente perdido no espaço e no tempo.

Se este filme era uma visão de Copolla sobre Antonieta, ela deveria ter organizado melhor seus pensamentos. Sim, ao assistir, percebemos que a personagem deveria ser retratada com uma mulher deslocada, que foi usada apenas para reforçar a aliança política entre a França e a Áustria, que sofria com o desinteresse sexual do marido, e por isso, arrumava amantes. Mas também percebemos que ela não consegue convencer nem como amante e nem como esposa dedicada.

O filme parece um festival de cenas aleatórias sem nenhuma amarração entre elas. Faltou algo básico: narração. Se a história fosse narrada em primeira pessoa, haveria uma grande chance de ser um grande sucesso.

À Copolla faltou experiência, para conseguir passar para a tela exatamente o que estava em sua cabeça.

Triste pensar que o que mais me chamou atenção em 123 minutos de filme foram os sapatos desenhados por Manolo Blahnik. Esqueça melhor direção, melhor atriz, e até mesmo melhor trilha sonora. Este leva o Oscar de Melhor Figurino com certeza!

2 comentários:

lu disse...

nossa...
tô muito surpresa tati!
achei que fosse ouvir você enumerando os encantos do filme. ainda não vi, mas muitas vezes isso acontece mesmo. uma falta de sensibilidade do diretor pode aniquilar uma obra.
é uma pena.
ao menos pode-se apreciar as maravilhas de Manolo Blahnik.
=]

Giz Cupolillo disse...

Nossa. A gente viu o mesmo filme?! hahahahaha
Eu fiquei simplesmente encantada com o filme. Sou mega crítica e perfeccionista e achei uns errinhos, teve uma hora que apareceu lampada e tudo... mas eu achei a direção tão típica da coppola, tão a cara dela!

Adorei o filme. Mas realmente o figurino e a locação ganham